sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Festes.

Anteontem à noite resolvi embarcar nisto de ser Erasmus e, depois de um jantarinho em casa da camarada Sofia, fui a um bar minúsculo de seu nome "Fantástico" onde se reuniram uma data de seres como eu. Sinceramente, mal entrei lá dentro! Fiquei cá fora com os já portugueses do costume e mais uns mil (sim, somos uma epidemia!), enquanto conversávamos com uns franceses que conheceramos essa manhã na UAB, o Paul e o Hector. Para além deles, havia a Joanna da Polonia; o Mateo - francês - que não sabia respeitar o espaço pessoal das pessoas e se aproximava demais pelo que, quando me convidou para dançar, me fiz de surda; uns 3 ou 4 finlandeses, sendo que um já estava lá todo entretido com uma de identidade desconhecida; um italiano - onde param os italianos por aqui? - que era meio árabe e estava de fato (não me perguntem porquê) e tenho de frisar o português/francês/italiano Pedro que fala perfeitamente (!) 5 línguas (portanto, ainda sabe falar o espanhol e o inglês)! Acreditem, é realmente impressionante, especialmente porque ele funcionava como se de uma cassete se tratasse, não fazia as confusões de línguas que todos nós fazemos, era mesmo como se todas fossem uma grande língua e se pudesse mudar de uma para outra sem grande esforço ou hesitação!... É parecido com o Diamantino (ainda que ele não tenha amado ser comparado a um homem de 40 anos...)!
3 horas depois de estarmos a fazer conversas de xaxa que aí não me dariam luta ou vontade nenhuma mas que, aqui, eram a coisa mais gira de sempre - sabiam que ratatouille é o nome de um prato? E que Bcn é a 3ª cidade mais poluída da Europa?-, a expor o nosso largo rol luso de canções francesas que tivemos de gramar no ciclo e no secundário, era altura de irmos para a festa!... Claro que eu tive de ir fazer a festa para minha casa, porque tinha deberes para o dia seguinte e tinha de os ir fazer, para além de que tinha aula na manhã seguinte!

Ontem à noite resolvi fazer um programinha com as minhas colegas alemãs do espanhol. Ah, - não contei -, agora estou mesmo no meio dos que falam alemão. Os únicos que também não falavam desistiram e agora estou sola com a comunidade nazi... Mas eles são simpáticos até.
Acontece que o programinha era ir ao MACBA ver uma exposição de arte contemporânea.
Mal não me fez! Era totalmente gratuito (têm sessões culturais das 20h as 24h) e constitui um dos must se de Barcelona!... Só que, reparem, eu nunca consegui perceber certas formas de arte e esta não seria com certeza aquela que entenderia...
Desde camas penduradas na parede, a homens com cabeça de cão, vídeos ininterruptos com homens a pôr o pénis para trás para serem mulheres, homens dentro de caixas a gritar, embalagens de detergente, lixo espalhado no chão, papel aderente com aranhas gigantes mortas dentro de caixas de madeira; não consegui entender. E, já que ali estávamos, eu e o J. pareciamos duas crianças, a fingir que percebiamos e a anhar descontroladamente.
Já as raparigas do meu curso... Passeavam com a maior atenção do mundo e creio que a Lea (suiça) ficou ofendida quando lhe disse que nada daquilo fazia sentido. Só o Alex (alemão) é que andava para lá mais um amigo a gozar e a tentar compreender alguma coisa. Mas acho que, no fim, só eu e o J. é que pareciamos umas crianças a jogar às escondidas num lugar de respeito.
Despedimo-nos das miúdas e fomos beber um copo ao Oveja Negra, um conhecido bar de Erasmus daqui, que é um bocado claustrofóbico. Ainda esperámos pelo Tiago (português) e pelo Hector, mas o Tiago não podia e o Hector demorou tanto tempo a chegar que desistimos dele. Sentámo-nos ao pé de um brasileiro cujo pai era italiano, de um argentino que falava brasileiro e de uma búlgara que devia ser a mistress do grupo e eles meteram conversa comigo, todos bebados, a jogar aos escravos de józ. Nunca tinha visto ninguém beber com este jogo, mas eles estavam divertidos!
O engraçado de estar em Erasmus é podermos sentar-nos ao pé de alguém e, sem razão aparente, termos autorização para gesticular, fazer comentários estúpidos e aceitar parvoíces. E também podermos virar costas e ir embora. No fundo, é sermos nós próprios mas contrariarmo-nos porque é giro conversar, mesmo que sobre nada, não ter medo do que os outros pensem ou sequer avaliar o que os outros digam.
Esta noite dormiram lá em casa a Isabel e a Carolina que ainda andam à procura de um piso. Quanto ao J., já encontrou um canto para ele que ele parece adorar - vai morar com 3 mulheres, uma finlandesa, uma polaca e uma francesa - e muda-se para lá no fim do mês, ao mesmo tempo que a Ângela se instala definitivamente lá em casa.
Até lá, temos as visitas de duas amigas do Francisco que se instalaram no quarto da Ângela/quarto onde estava o J..
Nem sabem a confusão que tudo isto deu. Talvez um dia conte! Quando cá vierem!:P

Este fim-de-semana são, pois, les Festes de la Mercè que, segundo o que eu aprendi hoje na aula de español, é a padroeira de Barcelona, ainda que a minha professora não soubesse sequer por quê. De acordo com a net, tem algo a ver com uma praga de lagostas. Weird.
De qualquer das formas, o que interessa é que há umas vinte mil actividades preparadas pelo Ajuntament de Barcelona e algumas bastante engraçadas de cariz altamente popular e tradicional!
O mais engraçado é que é uma festa que pensa em toda a população, com workshops e programas para miúdos e graúdos, para famílias e grupos de amigos. Há espectáculos de pirotecnia musical, desfiles de gigantes e castelleres, hip-hop, breakdance, música tradicional, gastronomia, artesanato, passeios de golondrina, concertos - vou ver os Ojos de Brujo de novo -, baile de sardanas, museus gratuitos e correfoc.
As festividades começam hoje e o pregó (discurso) e o toq d'inici são mesmo ao pé de casa! Duram até dia 24 (que é feriado) e o metro vai funcionar ininterruptamente até às 00h desse dia, o que é fixe. Já tenho um programa mais ou menos delineado, um mapa dos autocarros e aí vou eu!... Por isso Maiki, welcome to Barcelona! :)
Ah, a minha professora gozou com a Noche Blanca! ahaha xD Diz que os madrilenos só querem imitar a Catalunya, mas que a 'nossa' festa é muito melhor!
Aqui quase que não se pode relembrar que eles estão ligados ao resto de Espanha. Chamam-lhe 'el país de la Catalunya', portanto estão a ver o género. É um sacrilégio eu estar a aprender a falar espanhol e não catalão! Enfim, mariquices!

Estou constipada que nem uma anormal, tenho mau aspecto porque não consigo respirar, pago 5,55€ por um prato na cantina da UAB (recusei-me a pagar), tenho de lavar a roupa e a loiça, de pensar o que vou fazer para o jantar, mas gosto de aqui estar! É desafiante, mas quando me passeio pelas ruas e oiço música e animação por todo o lado, percebo que estar longe de vocês é só um meio para vos vir a apreciar mais, para perceber a importância do descomplicado, das coisas simples...
Ontem recebi um postal de Lisboa. É das coisas mais bonitas de se receber! Obrigada Mãe :')
Até já!*


4 comentários:

Sofia disse...

A joana vai começar a pagar o gas e a vir jantar a minha casa todos os dias!hihihihi :D

Anónimo disse...

Não deixa de ser estranho chegar a Lisboa, ir à faculdade e já não poder pensar "Será que a Joaninha tem aulas? Talvez a encontre para lhe dar um beijinho.." Mas gosto de te ler :)

Cate disse...

Eu escrevo comments neste blog e eles não aparecem.. Estranho!

N disse...

O Erasmus é da Joana, mas a Joana não é do Erasmus. A Joana é independente e o Erasmus é um granda menino.

Qual é que é o teu apartado, mesmo?

Baci, Nadi