quinta-feira, 27 de setembro de 2007

La Mercè.

"Què passaria si durant quatre dies tothom sortís al carrer i qualsevol cantonada es convertís en un escenari? Això, a Barcelona, passa un cop l’any pels volts del 24 de setembre: la ciutat està de Festa Major."

As Festes de la Mercè são mais uma celebração do acérrimo orgulho catalão. Combinam família, amigos, pares e solitários. Montam-se palcos em ruas banais, surgem músicas e guitarristas, os cantores de ópera recolhem e baralham-se com as gentes, os turistas, um pouco perdidos, resolvem embarcar na animação, nos jogos, nos concertos e nas tradições. Há fogo de artifício todas as noites, muito barulho, cheiro a waffles, muitos gigantes que se passeiam pela cidade e gente, muita gente!

E eu fui, eu estive cá, na Festa Major catalana.

DIA 21
De manhã saí pelas ruas em direcção à Plaça de Catalunya para apanhar o comboio para ir para o Español. Fiz os trabalhos de casa no caminho (tenho-os deixado para esta altura e, de todas as vezes, acabo-os na antepenúltima estação, pelo que anda consigo dormitar uns bons 5 minutinhos!) e lá fui a arrastar-me.
A minha turma agora é algo de ridículo. Como há gente que já começou as aulas acabamos por ficar uns 4, enquanto outros entrem e saem alternadamente, para fazerem não-sei-o-quê. O que faz com que, logo de manhã, a profª Pilar me obrigue, não só falar espanhol, como a contar histórias divertidas. (...) Não.


Quando regressámos a Barcelona, algo se tinha passado. Imensos palcos, cujas estruturas tinhamos notado vagamente durante a semana, estavam já perfeitamente montados e enfeitados, somente à espera do Pregó que daria início às festividades para explodirem em música. Também imensas wc's portáteis haviam sido estrategicamente espalhadas pela cidade. A Guardia Nacional e os Mossos de Esquadra passeavam-se agora calmamente um pouco por todo o lado.
E se a organização era fascinante, melhor foi quando "la coratjosa oceanògrafa Josefina Castellví" discursou (em catalão!!) e soou o toq d'inici. A cidade entrou em erupção (viemos a casa num instante comer umas bolachas com nutella e ouvimos a onda de excitação)!



19H45 - Plaça de St. Jaume: desfile (e dança) dos símbolos da cidade, a maior parte de carácter medieval, desde leões a cavalos (parece-me que o senhor o apresentou como "bolacha f*dida", mas não posso garantir, não domino ainda o catalão), passando por dragões. O rei e a rainha, umas figuras com uns 5 metros, protagonizaram a dança mais sensual dos últimos tempos.

22h - Praia de Barceloneta: sentámo-nos - eu e o Jota - à beira-mar a comer umas maravilhosas sandes de queijo com salsichas, tudo comprado no supermercado de paquistaneses mais proximo. Não sabiam bem, colavam-se aos dentes. Mas foram baratas.
Esperámos pelo fogo-de-artifício e pela Sofia e a Francisca e por um grupo de portugueses que conhecemos num jogo de futebol. O fogo-de-artíficio não foi dos melhores - os franceses têm mais jeito para champagne e baguetes-, mas a conversa (que está gravada) sobre a 'outrora Rute' teve a sua piada, especialmente porque o Jota estava quase convencido que a conhecia de algum lado realmente familiar.

22h30 - Encontrámo-nos com o Paul e o Hector e conhecemos o Yannick (belga) que também é de Comunicação. Vimos um concerto de jazz electrónico na Plaça del Rei enquanto gritávamos uns para os outros num "esportingfrances". O Hector contou-me que veio para cá porque a namorada queria casar e ele não sabia se ela era a tal; o Paul é meio-simpático, meio-estranho; o Yannick veio cá para curtir a vida porque não tem ninguém a dizer-lhe o que fazer.

00h - Parc del Forum: uns dreads estavam a passar hip-hop e eu resolvi comer o que sobrava da minha sandes de salsichas nojentas. O Paul gozou com a minha pobreza mas achou que valia uma foto.

DIA 22
Levantei-me com vontade de limpar o meu quarto.
A minha casa produz cotão a uma velocidade estonteante. O que eu já devia ter previsto, dado o estado horroroso em que se encontra o cão da vizinha que, basicamente, é um cotão que ladra. Tem rastas no focinho.

18h - Carolina, Isabel, Jota e eu fomos dar uma voltinha, cirandar pelo meio das barraquinhas que minavam a parte mais marítima da cidade, espreitar as golondrinas (que não eram grátis) e tirar umas fotografias, pois claro.

20h30 - Av. Francesc Cambó: CORREFOC! (foto primeira) Possivelmente das tradições mais giras de la Mercè. Mais de 50 homens e mulheres vestidos de diabos e acompanhados por tambores descem toda a via Laietana rebentando cartuchos de pólvora, lançando faíscas para cima das pessoas, fazendo os miúdos gritarem de medo e de entusiasmo e deixando atrás de si um cheiro nauseabundo a enxofre. Mete medo, especialmente quando os cartuchos rebentam, mas não queima! É giríssimo!
Também os dragões desfilaram, com cartuchos acesos, e grupos da nossa idade punham-se à frente deles a gritar "No pasarás! No pasarás!" e logo os dragões se lançavam para cima deles, faíscas por todo o lado, e toda a gente fugia e gritava.
Conselho gratuito: levar roupa de algodão que proteja braços e pernas, um chapeu para não queimar o cabelo e um lenço para não respirar tanto fumo.


22h - Playa de Barceloneta: corremos até à praia para assistirmos a um fogo-de-artificio lançado, desta vez, por quem sabe: portugueses! Não é para nos gabar, mas foi francamente melhor que o do dia anterior, com dois pontos finais bem marcados e tudo! POR TU GAL.

DIA 23
15h15 - Corrida para a Estació du Nord: o Miguel está a chegar!

Bastou passear pela Rambla, revisitar o mar, apreciar os novos cheiros e as pessoas que se acotovelavam nas ruas, todas cheias. Todas animadas. E eu também!

23h - Plaça de Catalunya: Sueño de Morpheo cantou e toda a gente sabia as letras, são uma especie de fenómeno aqui. E nada melhor do que ouvir cantar as gentes depois de um crepezinho com uma bola de strawberry cheesecake com a boa companhia... de uma waffle de chocolate! ahah.

DIA 24
15h - Parc Guëll: fomos - Miguel e eu - passear ao parque mais giro de sempre, com o Lagarto mais asseadiado de sempre. Sem exagero, o Gaudí era um génio da estética e do respeito pela natureza! Mas coitadinho do Lagarto, não há quem o respeite; é montado e apalpado, apertado e escalado. Nunca se sentirá sozinho, isso é certo.

22h - Plaça de España: corremos para ver o Piromusical depois de uma tentativa deprimente de fazer uns filetes com puré. A música acompanhava a explosão dos foguetes e todos os olhares se voltavam para o céu, extasiados.
... e eu só me lembrei de que tinha uma máquina fotográfica 2min antes de acabar.

DIA 25
13h - Saímos pelas ruas barcelonesas para que o Miguel pudesse respirar mais um pouco desta magnífica poluição disfarçada por uma leve brisa do mar.

15h15 - Corrida desenfreada até à Estació du Nord: adeus. Não tarda nada estou aí!

VIVAM AS FESTES DE LA MERCÉ!

Santo António e manjericos: you're out.

2 comentários:

Anónimo disse...

Aleluia, um post novo! Adorei a ideia do cão da vizinha, "um cotão que ladra" =P Beijos!

Sofia disse...

Mega actualizações, yeaah!
Obrigadinha pela conversa "outrora Rute", adoro saber que vos posso proporcionar inumeros momentos de diversao! :p ...